Miguel Nicolellis
Neurocientista brasileiro renomado, pioneiro no desenvolvimento de neuroproteções e interfaces cérebro máquina.
Miguel Angelo Laporta Nicolelis, nascido em São Paulo em 7 de março de 1961, é um dos cientistas brasileiros de maior destaque no cenário internacional. Reconhecido por suas contribuições pioneiras à neurociência e à engenharia biomédica, Nicolelis se tornou uma referência global no desenvolvimento de neuropróteses e interfaces cérebro-máquina, tecnologias que transformaram a vida de pacientes com paralisia.
Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo em 1984, Nicolelis concluiu seu doutorado em Ciências (Fisiologia Geral) pela mesma instituição e um pós-doutorado em Fisiologia e Biofísica pela Universidade de Hahnemann. Sua carreira acadêmica ganhou força ao se tornar Professor Titular de Neurobiologia e Engenharia Biomédica na Universidade Duke, nos Estados Unidos, onde também co-direge o Centro de Neuroengenharia. Ao longo de sua trajetória, foi agraciado com diversos prêmios, incluindo dois prêmios simultâneos dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos e o título do Professor Emérito de Duke, após 27 anos de atuação acadêmica. Ele também foi destacado como o primeiro brasileiro a ter um artigo publicado na capa da revista Science .
Sua pesquisa mais conhecida envolve a criação de dispositivos que permitem a reabilitação de pacientes com paralisia, como os exoesqueletos controlados pelo cérebro. Um momento marcante ocorreu durante a abertura da Copa do Mundo de 2014, quando ele e sua equipe revelaram um exoesqueleto que permitiu um paciente paraplégico do chute inicial da partida, colocando a ciência brasileira sob os holofotes mundiais.
Além de suas realizações no campo da neurociência, Nicolelis fundou a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP) e o Instituto Santos Dumont (ISD), com o objetivo de transformar a ciência em um agente de mudança social e econômica. Ele também coordenou o projeto “Andar de Novo”, que visa promover a reabilitação de pessoas com paralisia. Seu Manifesto da Ciência Tropical, de 2010, propõe um novo modelo para o uso da ciência como ferramenta para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, com ênfase na democratização do conhecimento e na capacitação de futuros cientistas.
Em seus livros, como O Verdadeiro Criador de Tudo e Muito Além do Nosso Eu , Nicolelis reflete sobre o papel central do cérebro na construção da realidade e na criação de toda a nossa civilização. Sua Teoria do Cérebro Relativístico, exposta nesses trabalhos, defende que a mente humana é o centro de todas as construções mentais que definem a nossa percepção do mundo. De acordo com Nicolelis, a arte, a física e até mesmo a história da humanidade são produtos dessa mente inquisitiva que busca entender o universo.
Além de ser membro da Pontifícia Academia das Ciências desde 2011, Nicolelis tem sido uma voz crítica contra as abstrações que, segundo ele, dominam a sociedade moderna, como o culto ao mercado e à máquina, apontando os perigos de uma civilização que se afasta da realidade natural.
A trajetória de Miguel Nicolelis, marcada por um inusitado misto de ciência, humanismo e um pensamento visionário, o posicionamento como uma personalidade única. Sua história inspira não apenas no campo científico, mas também no empreendedorismo e na luta por um mundo mais justo e inovador.
Convidá-lo para palestrar é mais do que ouvir um cientista de renome; é ter uma chance de refletir sobre os maiores desafios e possibilidades que a humanidade enfrenta, enquanto ele compartilha seu conhecimento profundo sobre como a ciência pode transformar a sociedade e a vida das pessoas. Em suas palestras, Nicolelis oferece não apenas uma visão sobre as fronteiras da neurociência, mas também um convite para repensarmos a própria natureza de nossa civilização e do nosso futuro coletivo.