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ABRASEL prevê segundo semestre melhor para bares e restaurantes

Paulo Solmucci, presidente da entidade, destaca que setor ainda precisa de auxílio governamental para retomada



Do dia para a noite muitos negócios e trabalhadores viram suas vidas mudarem radicalmente em março de 2020, com a chegada da pandemia de Covid-19 ano Brasil. E poucos setores sofreram tanto quanto o de alimentação.


Até antes do início da crise existiam cerca de um milhão de negócios no setor, que empregava mais de seis milhões de pessoas. Ao longo da pandemia, mais de 300 mil bares e restaurantes fecharam as portas e mais de um milhão de trabalhadores perderam seu emprego em 2020.


São dados alarmantes que mostram o desastre que a crise foi. Mas já existem algumas perspectivas positivas. Julho de 2021 já foi parecido com o de 2019 e a tendência é de que o segundo semestre siga esse caminho.


Para falar sobre esses temas e as perspectivas para o futuro, o palestrante de vendas mais contratado do Brasil, Diego Maia, chamou o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, Abrasel, Paulo Solmucci, para a edição especial do podcast BóraVoar, sobre food service. Confira a entrevista.


“Estamos prevendo um segundo semestre no ritmo que foi o segundo semestre de 2019, o que nesse contexto é uma grande conquista.” Paulo Solmucci


Diego Maia - Nos primeiros quatro meses de 2021 mais de 100 mil empregos foram perdidos e mais 35 mil empresas fecharam as portas. A pergunta que eu quero te fazer, você que é presidente da Abrasel, é: existe luz no final desse túnel?


Paulo Solmucci - Sabemos que temos um setor muito afetado pela crise. Tínhamos um milhão de estabelecimentos e seis milhões de postos de trabalho em março do ano passado. Chegamos a perder 335 mil empresas e mais de um milhão e 300 mil postos de trabalho ou mais. O momento mais duro pra gente foi em meados de abril, quando chegamos a ter 91% das empresas sem condições de pagar salário em dia. A partir daí começou a abertura e as coisas começaram a melhorar. Portanto existe sim luz no final do túnel. Mas a caminhada vai ser dura.


Diego Maia - Como está a situação hoje?


Paulo Solmucci - Sabendo-se o seguinte, estamos com 56% das empresas que estão de portas abertas ainda operando com prejuízo. 64% delas, ou seis em cada dez, estão com pagamentos atrasados de impostos, água, luz, aluguel, Fundo de Garantia, fornecedores. Ou seja, uma vida ainda muito complicada para trabalhar no dia a dia. Mas há sinais positivos, dentre eles, por exemplo, uma em cada quatro empresas já prevê contratações para os próximos meses. Vamos devagarzinho melhorando a vida e com fé. Sabemos que coisas boas podem vir também. O faturamento de julho de 2021 já foi equivalente ao de julho de 2019, sem contar com a inflação. Ou seja, contando com inflação ainda estamos 15% abaixo. Estamos prevendo um segundo semestre no ritmo que foi o segundo semestre de 2019, o que nesse contexto é uma grande conquista.


"Existe sim luz no final do túnel. Mas a caminhada vai ser dura.” Paulo Somucci

Diego Maia - O setor está arrasado e aí você abre os sites de notícias e dá de cara com uma nova reforma, que eles estão chamando aí de reforma do vale refeição e aquele vale alimentação. Essa reforma vai afetar diretamente as empresas tributadas pelo lucro real, que tem algum tipo de renúncia fiscal por fornecer vale refeição e vale alimentação. Aí estima-se que com essa reforma muitas empresas vão parar de fornecer esse tipo de benefício. E aí obviamente o lado mais fraco sempre fica prejudicado. Como é que se avalia essa situação dessa tal reforma do vale refeição? Como é que isso pode prejudicar o setor de serviços que já está extremamente combalido?


Paulo Solmucci - Bom, como os números mostram e a situação é evidente para todo mundo, o setor precisa de ajuda. Nós precisamos de ajuda do governo municipal, estadual e federal para a cadeia de produtores e também de reparação. Nossas perdas foram muito injustas e desproporcionais por um bem coletivo. Estamos buscando isso inclusive na justiça, em ações contra todas as prefeituras e municípios no sentido de que a gente possa receber essa reparação. E aí de vez em quando vejo notícias piores ainda. Recentemente a gente foi surpreendido por uma proposta do deputado Celso Sabino, que está cuidando da reforma tributária do imposto de renda, querendo retirar os benefícios como vale refeição e alimentação.


Diego Maia - Isso atingirá diretamente os trabalhadores e as empresas, correto?


Paulo Solmucci - Isso pode prejudicar mais de 22 milhões de trabalhadores que recebem esses vales, prejudicar a retomada do nosso setor, que como disse está acontecendo, mas ainda precisamos ser mais efetivos nela. E também fazer uma injustiça. Quando a gente vê um benefício desse, que vai custar a reforma R$ 600 milhões, para atender 22 milhões trabalhadores que recebem, mais 6 milhões que trabalham no nosso setor, você tem um custo de R$ 600 milhões, R$ 700 milhões de reais, a gente vê no mesmo dia, no mesmo momento, o Congresso propondo chegar a 6 bilhões de ajuda para as campanhas, triplicando o valor. Então um país que muitas vezes ruma de jeito muito estranho.


Diego Maia - Há uma expectativa de mudar essa proposta?


Paulo Solmucci - A gente espera que essa medida seja revista. A conversa (que tivemos) com o deputado Sabino foi muito positiva e ele entendeu o nosso momento, ele entendeu que os benefícios do vale refeição, tanto do trabalhador, quanto para os pequenos empresários do setor de bares e restaurantes e supermercados. A gente acredita que isso possa ser revisto.

 

Você pode conferir mais entrevistas exclusivas no Portal CDPV e ouvi-las no podcast BóraVoar no seu navegador ou na sua plataforma de streaming preferida, como o Spotify, por exemplo.


Sobre o Diego Maia

Diego Maia é o palestrante de vendas mais contratado do Brasil. Com 6 livros publicados, atua no mercado de palestras e treinamentos de vendas desde 2003. Apresenta o BóraVoar, programa que está no ar em diversas emissoras de rádio como Antena 1 (103,7 FM Rio de Janeiro) e Mais Brasil News (101,7 FM Brasília). O programa também é publicado diariamente em todos os aplicativos de podcasts.


Diego Maia é CEO do CDPV (Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas), escola de vendas pioneira no Brasil, especializada em treinamentos de vendas presenciais e online.



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