Pedro Botelho analisou o mercado de food service em conversa com Diego Maia para o podcast BóraVoar
Delivery, novas experiências e mudanças de hábitos do consumidor. Esses são alguns dos pontos que Pedro Botelho, Diretor da Novamix Distribuidora aponta como tendências para o setor de food service pós-pandemia.
Botelho foi um dos entrevistados do palestrante de vendas mais contratado do Brasil, Diego Maia, em seu podcast BóraVoar. Em duas edições especiais Diego recebeu uma série de especialistas em food service para tratar sobre os desafios e futuro do ramo.
“Eu vejo o food service como um segmento cada vez mais que traz experiência. E as pessoas estão um pouco privadas de viajar, de sair, estão se contendo de alguma forma e elas estão buscando experiências.” Pedro Botelho
Na conversa Diego Maia e Pedro Botelho abordaram assuntos como os problemas enfrentados pelos players do setor desde março de 2020, as mudanças que ocorreram nos hábitos de consumo e que impactaram diretamente os estabelecimentos, desafios e o futuro. Confira.
Diego Maia - Pedro, como é que tem sido a crise para a Nova Mix, uma empresa que atua em todas as cidades do Rio de Janeiro atendendo centenas de milhares de restaurantes, bares e padarias. Como é que foi essa crise?
Pedro Botelho - Realmente a Covid-19 foi como um meteoro para o segmento de food service. A gente, por estar numa distribuidora que atende todas as cidades do Rio de Janeiro em diversos segmentos, padarias, restaurantes, hamburguerias e pizzarias, a gente conseguiu ver como é que esse setor impactou cada cidade e cada segmento. E realmente foi uma revolução no ecossistema food service. Porque a gente viu que num primeiro momento houve aquele instinto de sobrevivência natural e necessário para se manter no momento de crise como esse. Em que as empresas ligaram o seu modo de sobrevivência, para preservar seu caixa, para se valer de algumas situações como a suspensão do contrato de trabalho, alguns fomentos que foram colocados pelo setor e também para se reinventar.
Diego Maia - E como as empresas lidaram com isso?
Pedro Botelho - O que a gente viu que prevaleceu muito foram as empresas que tinham uma robustez financeira e de uma gestão mais ativa e que conseguiram guinar o seu caminho, a sua fonte de receita, os seus custos, para se adaptar à nova realidade e passar pelas diferentes fases dessa pandemia. Foi uma fase muito forte (de crise) e depois uma fase de retomada, mas uma retomada diferente. Uma retomada com delivery, uma retomada com atendimento com produtos diferentes. Então o que a gente sentiu é que a gestão ativa dentro de cada negócio de food service fez a diferença.
“A crise não passa, né. A gente que supera ela.” Pedro Botelho
Diego Maia - A aposta no delivery se tornou uma saída para driblar essa crise, certo?
Pedro Botelho - A gente viu restaurantes e padarias que não tinham delivery, de uma semana para outra, montar um formato improvisado de delivery. E isso veio tomando porte dentro do seu negócio e hoje na retomada já é uma coisa relevante, assim como a gente vê os negócios que ficaram parados esperando para ver o que ia acontecer. Só que a crise não passa, né. A gente que supera ela. Então eu senti muito que o food service teve muito disso, de quem estava dentro do negócio está se remodelando as novas oportunidades e está seguindo. No nosso negócio, como distribuidor de food service, a gente teve um papel muito grande de entender esse momento e conduzir de forma, vamos botar assim, de forma a orientar, de forma a mostrar para os diferentes operadores de food service quais eram as soluções que outros clientes nossos estavam avançando. Então como um todo foi muito duro no início, mas acho que o fato da gente estar junto com o operador, junto com o nosso cliente mostrando para ele qual seria o caminho, fez com que a gente conseguisse surfar bem essa retomada.
Diego Maia - E olhando para frente, o setor se recupera dessa pandemia transformado. Muita coisa mudou e eu tenho a impressão de que muita coisa ainda vai mudar, não é?
Pedro Botelho - O setor de alimentação fora do lar mudou muito com a pandemia. Tiveram várias tendências que se aceleraram, que foi a questão do delivery, e como as pessoas foram obrigadas a mudar seus hábitos. Isso gerou outras ocasiões de consumo e momentos diferentes de consumo. Vou dar um exemplo comum: as pessoas antigamente tinham aquele ato de acordar cedo, claro, mas tomar o café correndo para não pegar trânsito para poder chegar no trabalho. Ou elas comiam alguma coisa antes do trabalho ou comiam alguma coisa em casa. Hoje já a questão do café da manhã, pelas pessoas terem aderido ao home office nesse momento de pandemia, se tornou uma coisa mais relevante. As pessoas estão dando mais valor ao café da manhã e fazem um café da manhã mais elaborado. Estão dando mais tempo ao seu café da manhã, entenderam a rotina, esse ritual do café da manhã, o quão benéfico ele é para seu dia a dia.
Diego Maia - E nas outras refeições, também houveram mudanças?
Pedro Botelho - O almoço, que era um momento de uma pausa maior, digamos assim, que a pessoa tinha ali seu horário de uma hora e meia de almoço, agora que ela está em casa, ou por ela estar numa dinâmica diferente, ela acaba tendo um horário menor de almoço, para que ela consiga produzir mais. E os momentos que a gente tinha mais no final do dia, que era o happy hour ou algum momento de sair com a família ou de sair com os amigos, eles ficaram mais escassos, porque foram menos eventos e menos oportunidades. Mas eles continuam acontecendo de formas diferentes.
Diego Maia - De que forma esses momentos mais descontraídos passaram a acontecer?
Pedro Botelho - Muitos deles pedindo, fazendo delivery para você entregar em casa, então se tornou comum esses pequenos encontros em casa após a pandemia ou então saídas em pequenos grupos, não mais em grandes grupos. Então a gente vê muito essas expectativas assim. Uma tendência de aumento da relevância do café da manhã no dia das pessoas e no tempo que as pessoas gastam, um almoço um pouco mais acelerado do que o normal e os momentos de lazer, que geralmente são no final do dia, de happy hour ou de encontro de família ou de que você sai para comer e sai para fazer um evento, eles se tornaram menores. Então é uma das expectativas que a gente tem visto aí em alguns segmentos e é interessante reforçar isso.
Diego Maia - Falando especificamente do profissional de vendas. Do homem de vendas, da mulher de vendas. Esse cara, essa mulher, esse guerreiro, essa guerreira que está no campo tentando vender, buscando bater metas, trabalhando para superar as expectativas do cliente. Para não deixar a desmotivação tomar conta, esse profissional de vendas também sai dessa crise altamente transformado. Se fizermos um panorama de dez anos pra cá, muita coisa mudou no segmento. Mas se tem alguém que mudou foi o profissional de vendas.
Pedro Botelho - Diego, é muito bom nas conversas que a gente tem, que a gente sempre segue o tema de vendas e é um tema que eu sou apaixonado. No setor food service o profissional de vendas ficou cada vez mais requisitado. Porque não basta só a gente suprir os insumos que o restaurante, que a padaria, ou que o operador de food service, de delivery como um todo precisa. A gente passou a ser ali uma pessoa que leva solução, leva a tendência. Como a gente atende vários clientes diferentes e a operação de food service é uma operação que suga muito tempo e energia da pessoa que está nela, nessa dinâmica, o que acontece é que o vendedor passou a ser um veículo também de ideias. De chegar para um operador, um dono de restaurante, para uma padaria e começar a levar a ideia. ‘Pô, eu estive em tal e tal lugar e tem funcionado muito bem essa situação aqui. Que é que você acha de não inserir isso aqui também?’
Diego Maia - É mais do que só um vendedor, correto?
Pedro Botelho - Uma outra coisa também que eu vejo, e vem acontecendo muito, é que a questão desse profissional de vendas ser um veículo de conexão de pessoas. De conectar o cliente, de conectar o consumidor, até o próprio restaurante, o operador logístico, a padaria, mas também de conectar soluções até esses estabelecimentos. De conectar soluções de entrega, de conectar soluções de delivery, de conectar soluções de receita, de conectar soluções de software, soluções que geram um ganho para o negócio para a cadeia como um todo. Então assim, mais do que venda de insumos, eu acho que ele é um profissional que tem que levar soluções. A gente tem que ser recebido por um estabelecimento como a pessoa que chega, o profissional da Nova Mix, ou o profissional de um distribuidor de food service, que vem trazer a ideia, vem trazer solução, vem mostrar caminhos diferentes. E a gente sente nisso que alguns clientes, quando tem alguma dificuldade, quando estão com algum projeto, eu acho interessante isso, eles trazem esse projeto para a gente dar ideia, para a gente apresentar outras pessoas de outras cidades que já implantaram um projeto e deram certo. Eu acho que o nosso papel é esse, é fomentar o food service para que ele possa florescer novamente. Agora diferente, mas tão intenso e tão glorioso como foi.
Você pode conferir mais entrevistas exclusivas no Portal CDPV e ouvi-las no podcast BóraVoar no seu navegador ou na sua plataforma de streaming preferida, como o Spotify, por exemplo.
Sobre o Diego Maia
Diego Maia é o palestrante de vendas mais contratado do Brasil. Com 6 livros publicados, atua no mercado de palestras e treinamentos de vendas desde 2003. Apresenta o BóraVoar, programa que está no ar em diversas emissoras de rádio como Antena 1 (103,7 FM Rio de Janeiro) e Mais Brasil News (101,7 FM Brasília). O programa também é publicado diariamente em todos os aplicativos de podcasts.
Diego Maia é CEO do CDPV (Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas), escola de vendas pioneira no Brasil, especializada em treinamentos de vendas presenciais e online.
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