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Instituto Food Service Brasil vê “impacto generalizado” da pandemia no setor

Ingrid Devisate, cofundadora e Diretora Executiva do IFB, acredita que empresas ficaram mais unidas

A pandemia de Covid-19 ainda causa impactos fortes em diversos setores da economia. No food service eles são assustadores. Segundo uma pesquisa do Instituto Food Service Brasil (IFB), 71% dos bares e restaurantes independentes possuem dívidas.


Desses, 79% devem para bancos, 54% estão com impostos atrasados e 37% possuem débitos com fornecedores. É uma crise generalizada, como apontam os dados fornecidos pela cofundadora e Diretora Executiva do IFB, Ingrid Devisate, em entrevista para o podcast BóraVoar, do palestrante de vendas mais contratado do Brasil, Diego Maia.


“Infelizmente muitos estabelecimentos não conseguiram se recompor e fecharam durante a pandemia. Outros que conseguiram se endividaram e seguem lutando para tentar sobreviver.” Ingrid Devisate

O especialista em treinamento de vendas conversou com Ingrid para a edição especial do programa dedicada ao setor de alimentação fora de casa. No bate-papo foram abordados assuntos como projeções para o pós-pandemia, tecnologias e o futuro do ramo. Confira.



Diego Maia - O setor de food service foi fortemente abalado pela pandemia. Muitas empresas jogaram a toalha e não conseguiram retomar as operações. Como é que você avalia o impacto do Covid no setor de food service brasileiro?

Ingrid Devisate - Olha Diego, o IFB é um instituto que une toda a cadeia de valor do food service. Por isso nós conseguimos ter uma visão ampliada desse mercado e a pandemia impactou todos os elos, tanto as indústrias, que são vocacionadas, que produzem insumos direcionados para o food service, como os distribuidores exclusivos. Além de outros fornecedores de serviços, até os operadores de estabelecimento, que sofreram bastante com as restrições. Infelizmente muitos não conseguiram se recompor e fecharam durante a pandemia. Outros que conseguiram se endividaram e seguem lutando para tentar sobreviver. Falando especificamente dos operadores, segundo uma pesquisa do IFB 71% dos bares e restaurantes independentes possuem dívidas. Desse total 79% devem para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores. Então o impacto foi generalizado.


Diego Maia - Quais são as expectativas do IFB para o setor de food service?


Ingrid Devisate - Olha Diego, falando das expectativas né, começando pelos consumidores, a conveniência passou a ser o DNA do setor de food service. Ela é o critério mais importante para escolher um estabelecimento. Seja para quem está dentro ou fora de casa, para quem está trabalhando em regime home office ou na empresa. A conveniência inclui facilidade dos pagamentos digitais, passa por melhor localização de loja e atendimento rápido quando estou com pressa, e vai até a embalagem práticas e portáteis para alimentos e bebidas.


Diego Maia - As pessoas estão dando mais atenção para os detalhes, não é?


Ingrid Devisate - Outro ponto importante em relação aos consumidores é a qualidade, que também passou a ser uma alavanca muito importante de valor. O consumidor está mais preocupado com as estruturas dos estabelecimentos, com higiene, como os alimentos são manipulados e aí o interessante é que quando a qualidade é percebida, a sensibilidade aos preços e as promoções diminuem. Em relação aos formatos, o delivery seguirá estável à medida que as pessoas retornem ao consumo na loja. O drive thru, que já representa mais de R$ 4 bilhões em gastos, se mostrou bastante importante na pandemia e existe uma expectativa de crescimento.


“Depois da pandemia e de todos esses desafios, nós vimos um trabalho muito mais colaborativo, uma cadeia mais conectada e a minha expectativa é de um setor muito mais unido.” Ingrid Devisate

Diego Maia - E quais são as projeções para o setor?


Ingrid Devisate - Falando em projeções do setor, ele segue numa retomada lenta, mas nas nossas projeções aqui mostram que teremos um fechamento de 2021 com uma queda de - 14%, num cenário otimista. Por fim, depois da pandemia e de todos esses desafios, nós vimos um trabalho muito mais colaborativo, uma cadeia mais conectada e a minha expectativa é de um setor muito mais unido, trabalhando junto, buscando juntos por soluções sustentáveis e se ajudando nessa retomada.


Diego Maia - Ingrid, me conta uma coisa, quais são as suas expectativas para o setor de alimentação fora do lar para quando isso tudo passar, para quando o fim da pandemia for decretado, como é que você enxerga esse futuro?


Ingrid Devisate - Fazendo uma breve introdução em relação a expectativa de futuro, o mercado de food service tem uma grande complexidade, porque ele é muito fragmentado. Então 22% dos estabelecimentos são formados por redes, que usam operadores distribuidores exclusivos para se abastecerem e 78% do mercado é formado por restaurantes independentes, que usam outros canais de compra e de abastecimento. Que usam indústrias, distribuidores, cash and carry, atacadistas e ainda também usam super e hiper para compras emergenciais. Nesse caso a frequência de compra é muito mais elevada, porque muitos operadores além de não terem um grande capital de giro, também têm um espaço reduzido para estocagem. Isso limita um pouco a atuação do profissional de venda.


Diego Maia - Pois é, e a gente sabe que para esse profissional o contato com o cliente é muito importante.


Ingrid Devisate - Na área comercial a visita ao cliente é fundamental para o setor e essa visita ficou comprometida, obrigando a transferência dessa relação presencial para uma outra conversa virtual. Esse mercado vem passando por uma evolução, que foi acelerada pela pandemia, com o uso de novas tecnologias, da digitalização. Então novos modelos de atendimento estão sendo construídos. O WhatsApp ainda é o canal mais utilizado, justamente porque ele tem essa característica de personalização. O representante comercial entra em contato diretamente com o cliente e consegue atender ele mais rápido e ainda cria um vínculo. Então ele tem um papel relevante nessa relação empresa/cliente.


“Os canais de venda usando aplicativos, e-commerce e marketplace também evoluíram, mas essa é uma evolução que está relacionada também ao comportamento do cliente.” Ingrid Devisate

A cultura de gestão do restaurante e mesmo assim a forma como essa geração, enfim, quem está no ponto de venda lida com a tecnologia. Possivelmente nós veremos mais soluções de serviços para atendimento de venda e com foco em fidelidade, para aumentar também o share of wallet, ou seja, buscar a maior penetração possível de compras de um estabelecimento. De modo geral a digitalização, toda essa tecnologia, essa evolução é uma realidade irreversível. As empresas apenas precisam ficar atentas às iniciativas de inovação, ao comportamento do seu cliente.

 

Você pode conferir mais entrevistas exclusivas no Portal CDPV e ouvi-las no podcast BóraVoar no seu navegador ou na sua plataforma de streaming preferida, como o Spotify, por exemplo.


Sobre o Diego Maia

Diego Maia é o palestrante de vendas mais contratado do Brasil. Com 6 livros publicados, atua no mercado de palestras e treinamentos de vendas desde 2003. Apresenta o BóraVoar, programa que está no ar em diversas emissoras de rádio como Antena 1 (103,7 FM Rio de Janeiro) e Mais Brasil News (101,7 FM Brasília). O programa também é publicado diariamente em todos os aplicativos de podcasts.


Diego Maia é CEO do CDPV (Centro de Desenvolvimento do Profissional de Vendas), escola de vendas pioneira no Brasil, especializada em treinamentos de vendas presenciais e online.



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